sábado, 30 de abril de 2011

Capitalismo Selvagem

Engraçado, eu não estou brava, de tpm e nem brigada com ninguém. Muito pelo contrário, tô bem de amor, amigo, periodo feminino e até de trabalho. O que eu não consigo entender é que estou loucamente compulsiva por compras! Não tenho dinheiro e tô comprando tudo! Perfume, vestido, cabelereiro, cinta, etc. Alguém explica?

Tô cansada de saber que, quando estamos tristes, podemos ir ao shopping, nos encher de prestação, e ficaremos feliz por uma semana inteira, vendo quão úteis e lindas são todas aquelas coisas. Felizes só de olhar pra elas, de ser dona delas! Dai ocorre o efeito colateral, depois da semaninha de felicidade, você volta a realidade, lembra de todos os problemas que existiam antes das compras e que ainda continuam ali, ainda fica pior de saber que vai ter contas para pagar. Ótimo!

Mas tá, eu não tô triste. Heyy! Se liga, qual que é a boa dessa minha cabeça doente? Parece assim, que minha felicidade tá uma linha reta, preciso comprar pra ter pontos altos nela, sei lá, preciso buscar! Estamos sempre buscando né? Nunca se está 100% plena, sempre falta alguma coisa, mesmo que você não saiba o que, sempre tem esse vazio estranho. Que droga.

Mas o que importa é que hoje comprei um vestido lindo, vermelho de cetim! 18 dias uteis para chegar. Como dizia a raposa:



"Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três começarei a ser feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!... É preciso que haja um ritual."


Vou ser feliz esperando por ele, muito feliz dois dias antes, e o apse será quando ele chegar, e depois de uma semana voltarei a minha plenitude, mas com um vestido vermelho! ;D

terça-feira, 19 de abril de 2011

O Auto da Lusitania



Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:

Ninguém: Que andas tu aí buscando?

Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.

Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?

Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.

Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.

Belzebu: Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.

Dinato: Que escreverei, companheiro?

Belzebu: Que Ninguém busca consciência.
e Todo o Mundo dinheiro.

Ninguém: E agora que buscas lá?

Todo o Mundo: Busco honra muito grande.

Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.

Belzebu: Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra Todo o Mundo
e Ninguém busca virtude.

Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse?

Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse
tudo quanto eu fizesse.

Ninguém: E eu quem me repreendesse
em cada cousa que errasse.

Belzebu: Escreve mais.

Dinato: Que tens sabido?

Belzebu: Que quer em extremo grado
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.

Ninguém: Buscas mais, amigo meu?

Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.

Ninguém: A vida não sei que é,
a morte conheço eu.

Belzebu: Escreve lá outra sorte.

Dinato: Que sorte?

Belzebu: Muito garrida:
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.

Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,
sem mo Ninguém estorvar.

Ninguém: E eu ponho-me a pagar
quanto devo para isso.

Belzebu: Escreve com muito aviso.

Dinato: Que escreverei?

Belzebu: Escreve
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.

Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,
e mentir nasceu comigo.

Ninguém: Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.

Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.

Dinato: Quê?

Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
E Ninguém diz a verdade.

Ninguém: Que mais buscas?

Todo o Mundo: Lisonjear.

Ninguém: Eu sou todo desengano.

Belzebu: Escreve, ande lá, mano.

Dinato: Que me mandas assentar?

Belzebu: Põe aí mui declarado,
não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo é lisonjeiro,
e Ninguém desenganado.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

José Almada Negreiros


Mas hás-de pagar-Me a febre-calafrio
abismo-descida de Eu não querer descer!
Hás-de pagar-Me o Absinto e a Morfina
Hei-de ser cigana da tua sina
Hei-de ser a bruxa do teu remorso
Hei-de desforra-dor cantar-te a buena-dicha
em águas fortes de Goya
e no cavalo de Tróia
e nos poemas de Poe!
Hei-de feiticeira a galope na vassoura
largar-te os meus lagartos e a Peçonha!
Hei-de Vara Magica encantar-te Arte de Ganir
Hei-de reconstruir em ti a escravatura negra!
Hei-de despir-te a pele a pouco e pouco
e depois na carne-viva deitar fel,
e depois na carne-viva semear vidros,
semear gumes,
lumes,
e tiros.
Hei-de gozar em ti as poses diabólicas
dos teatrais venenos trágicos do persa Zoroastro!
Hei-de rasgar-te as virilhas com forquilhas e croques,
e desfraldar-te nas canelas mirradas
o negro pendão dos piratas!
Hei-de corvo marinho beber-te os olhos vesgos!
Hei-de bóia do Destino ser em brasa
e tu náufrago das galés sem horizontes verdes!
E mais do que isto ainda, muito mais:
Hei-de ser a mulher que tu gostes,
hei-de ser Ela sem te dar atenção!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

De certa forma





Até que ponto tolerar é o mais indicado? Porque, muitas vezes é necessário que você se cale quando as pessoas não enchergam a verdade ululante saltando na frente delas?
As vezes eu questiono o porque de não poder falar a verdade, não a verdade que nós consideramos verdade, mas sim as verdades factuais. É tão frustrante ver tudo indo por um caminho errado, pessoas assinando atestado de ignorancia, e ainda por cima eu me ferrando por conta disso, sendo obrigada a me manter quieta!


Chega uma hora que é quase impossível manter a compostura sabe?

Depois vem me perguntar se eu sou louca ou se preciso de um namoradinho. Acho o máximo esse tipo de comentário tosco e machista. Acho que prefiro ser eu, mal humorada e cheia de tpm, a ser burra que não encherga nem quando é enganada pela terceira vez!

Gente, vamos aprender a valorizar quem se preocupa com a gente e quem nos quer bem? Quem tá ali só pelo momento e sem ideologias maiores, a não ser pra si mesmo, vai afundar o barco. Sinceramente, quando o barco afundar eu quero estar bem longe, e juro que não vou jogar boia pra ninguém viu? Até pq, ninguém pode me acusar de não ter tentado impedir o naufragio evidente, fui eu quem mais tentou, mas não existe equipe de um só. E sim, as coisas vão feder.


PS: Obrigado por me fazer odiar coisas que eu tanto gostava, e por me fazer enchergar quão nada significante é tudo aquilo que eu me empenho pra fazer. Você está de parabéns, espere que logo logo você ganha uma medalha!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Hoje eu tenho prova de Literatura portuguesa, vou dar uma olhada no caderno para dar uma estudade e refrescar minha memória, porque diferente da maioria eu sempre vou melhor na prova se estudo um dia antes!
Materia do primeiro dia, ok, segundo dia, ok, terceiro, hã? Que isso?

Modernismo blá blá blá, nao definir uma data concreta, blá blá blá, tem gente q diz q eh quebra radical, tem gente que diz q eh continuidade e blá blá blá. Tudo pouco me importa. Damn shit.

Que isso? Tá, os outros dias estavam todos lá. Que benção!
Vou bem! Uhuull!"

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ônibus


 Para situar melhor as coisas, me apresento como uma fervorosa defensora do direito dos idosos e das gestantes terem um tratamento especial, fico muito brava quando vejo que as pessoas não dão lugar no onibus, e cutuco quem não levanta pra gestante, bem do tipo chata mesmo.

Hoje eu estava indo da faculdade para o trabalho, esperando o santa candida - capão raso ali no tubo da estação central. Aquele cheirinho delííícia de pipoca com baicon no ar.

Eu tava numa boa, esperando chegar o onibus junto com algumas milhões de pessoas, eu beeem aérea ouvindo uma musiquinha bem tranquila, pra variar. Quaaando o onibus chegou, as pessoas de forma impressionante, foram educadas e deram espaço para o pessoal do onibus descer, e eu achando tudo aquilo lindo, pensando que é muito bom viver em uma cidade quase europ... passou um trator, derrubando com empurrões e cotoveladas tudo que estava pela frente(eu inclusive), e fico abismada de ver, uma velinha magricela de cabelos brancos, brandando xingamentos com uma bengala na mão.

"Seus abestados, aquele corno que tá dirigindo vai fechar as portas e vocês vão ficar ai esperando a vida passar....."

Não tive como ter outra reação, eu ri. E me mantenho como defensora dos idosos.
 
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