quinta-feira, 3 de julho de 2014

Preciso de um heterônimo do interior.

É verdade, a gente num sabe o que escreve, só tranforma o que tá na cabeça pras palavra e dai passa pro papel. É só depois do último ponto que pega aquilo na mão e vai vê no que é que deu.
As vez a cabeça da gente tá tranquila, ai sabe o que escrevê, mas escreve pros outro, num é pra si. Num tem a mesma verdade, sabe?

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Dama da Noite

"Ai como eu queria tanto agora ter uma alma portuguesa para te aconchegar ao meu seio e te poupar essas futuras dores dilaceradas. Como queria tanto saber poder te avisar: vai pelo caminho da esquerda, boy, que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha"

terça-feira, 29 de abril de 2014

Provar nada pra ninguém

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranquilo e tão contente...

domingo, 16 de março de 2014

É como assinar de novo, achando que vai ser 59 reais!

Ontem depois que você foi embora confesso que fiquei triste como sempre.

Mas, pela primeira vez, triste por você. Fico me perguntando que outra mulher ouviria os maiores absurdos como você, um homem de 32 anos, planejar ir a uma matinê brega com gente sem assunto no próximo domingo e, ainda assim, não deixar de olhar pra você e ver um homem maravilhoso.

Que outra mulher te veria além da sua casca? Você não entende que eu baixei a música do “Midnight Cowboy” e umas boas do Talking Heads, Vinícius de Morais e do Smiths porque achei divertido te fazer uma massa ouvindo algumas músicas que dão vontade de viver. Uma massa que você não vai comer porque está perdendo o paladar para o que a vida tem de verdadeiro e bom. É tanta comida estragada, plastificada e sem sal, que você está perdendo o paladar para mulheres como eu. E você não sabe como vale a pena gostar de alguém e acordar na casa dessa pessoa e tomar suco de manga lendo notícias malucas no jornal como o cara que acha que é vampiro. Tudo sem vírgula mesmo e, nem por isso, desequilibrado ou antes da hora.

Você não sabe como isso é infinitamente melhor do que acordar com essa ressaca de coisas erradas e vazias. Ou sozinho e desesperado pra que algum amigo reafirme que o seu dia valerá a pena. Ou com alguma garotinha boba que vai namorar sua casca. A casca que você também odeia e usa justamente para testar as pessoas “quem gostar de mim não serve pra mim”.
E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com a praia do Espelho e com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida.

E você me olha com essa carinha banal de “me espera só mais um pouquinho”. Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu. E sempre volta.
Volta porque pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem.

Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, quando precisa se sentir especial e amado, é pra mim que você liga. E, quando está longe de casa gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa. Eu sei de tudo. E eu passei os últimos anos escrevendo sobre como você era especial e como eu te amava e isso e aquilo. Mas chega disso.

Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procura. E do quanto a sua felicidade sem mim deve ser pouca pra você viver reafirmando o quanto é feliz sem mim e principalmente viver reafirmando isso pra mim. Sabe o quê? Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto.
Bastante assunto.

Eu não faço desfile de moda todos os segundos do meu dia porque me acho bonita sem precisar de chapinha, salto alto e peito de pomba.
Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos.

Também sou convidada para essas festinhas com gente “wanna be” que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser. E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado.
Tati Bernardi

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Porque você fecha o basculante na hora do banho?

( ) Para não te verem sem roupa

( ) Por sentir frio 

( ) Para não entrar nenhum bicho

(x) Por ter vergonha dos vizinhos te ouvindo cantar no chuveiro

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Desaparafusar

Uma conversa corriqueira, bobagens e banalidades ditas da boca para fora. Escutar e rir, achando graça daquilo tudo, aquelas histórias grandiloquentes que fogem de qualquer realidade morna que eu tenha vivido. No momento questionar como alguém consegue levar a vida assim, de forma tão imprudente e impulsiva? Não eu, não eu. A bonequinha um tanto "singular" da família perfeita. Para mim tem que ser coisa estável, planejada, pensada e repensada, com objetivos bem racionais e delineados. Não, nunca para mim essa experiencia doida de gente porra loca que não pensa nas consequências. Jamais, jamais...
O dia seguinte. 

O caos.
O questionamento.
O dia todo, não sai do pensamento. 
Aquelas palavras, aquelas histórias, as ideias, o rosto, a voz. 
Porquê? Porquê? Porquê? Por que não? O quê se tem a perder? 
Sinto sede, sede de dar passos maiores que a perna, de não pensar no amanhã, não pensar no que vão pensar. Vontade de sentir sem medida, sem medo, sem sentimento, só sentir a hora, o momento e o calor. Fazer o que quero, e não querer saber o que querem os outros!
Parafusos que caem da minha cabeça, mistificações se desmancham e eu me perco no não me encontrar, mas que importa isso quando a intenção é mesmo se perder?
Eu tenho desejo por aquelas ideias, as histórias, o jeito radical, o rosto, a voz, o corpo, agora, ontem, até quem sabe semana que vem.


Então volto, recolho meus parafusos espalhados. Volta a boneca montada, até que alguém a desmonte novamente.

 
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